terça-feira, 9 de março de 2010

ZOMBIE HOLOCAUST (1980)


''Zumbis, canibais, um médico louco, sangue e tripas, em mais uma loucura made in Italy''

"As duas criaturas mais mortais do universo em um único filme!". Quando você leu esta frase, aposto que pensou direto nos recentes FREDDY VERSUS JASON ou ALIEN VERSUS PREDADOR, certo? Mas esqueça estas baboseiras. O encontro insólito a que me refiro foi filmado na Itália em 1980 e se chama ZOMBIE HOLOCAUST. Trata-se de uma aventura sangrenta que mistura os dois maiores vilões dos filmes de horror italianos do período: mortos-vivos e tribos canibais!

Se o filme tivesse zumbis ou canibais, uma coisa era certa: o espectador podia esperar muito sangue, tripas e mulher pelada, como cabia às boas produções "exploitation" do período. Então, no ano de 1980, com o sucesso de CANNIBAL HOLOCAUST e ZOMBIE no ano anterior, algum gênio teve uma idéia fantástica: "E se juntássemos canibais e zumbis NUM MESMO FILME???". O resultado é ZOMBIE HOLOCAUST, sério candidato ao título de filme mais sangrento de todos os tempos, ao lado de FOME ANIMAL e EVIL DEAD. Na verdade, é tão sangrento que perde a chance de ser chocante, já que o espectador começa a dar risada dos exageros.

Não é preciso ser muito genial para perceber que ZOMBIE HOLOCAUST é uma espécie de bolo, que leva na receita muitas colheres do ZOMBIE de Fulci (veja mais no fim deste artigo), algumas xícaras de CANNIBAL HOLOCAUST e uma pitada de A ILHA DO DR. MOREAU. Abusando da sangreira e das cenas grosseiras de mutilações, é um dos melhores exemplos do "cinema açougue" do período, onde era comum usar entranhas de animais mortos e efeitos bem sangrentos na tentativa de chocar o público. O resultado é um "gorefest".







Sinopse:

Os membros de uma expedição buscam os fiéis de LastKito, uma divindade canibal, encontram uma pequena ilha nas Ilhas Molucas (Índias Orientais) e são caçados por canibais e zombies, que são criados pelo sinistro Doutor O'Brien que faz experimentos em cadáveres. Suzan, uma mulher sexy que participa na equipe de expedição é tida como a rainha de canibais, resta aos últimos integrantes da equipe salva-la do cientista louco e seu exército de zombies.

Um dos momentos mais violentos de ZOMBIE HOLOCAUST é aquele em que Peter usa a hélice do motor de um barco para moer a cabeça de um zumbi; logo depois, empatada no quesito "Sangreira Gratuita", vem a cena em que um dos guias da expedição cai numa armadilha dos canibais e é empalado por enormes estacas de madeira, tendo em seguida sua garganta cortada com uma facada e o peito aberto para a retirada das tripas, rapidamente devoradas pelos nativos. E, em terceiro lugar, vem a cena em que um dos integrantes da expedição é selvagemente atacado pelos canibais, tendo suas tripas arrancadas e os olhos furados a dedadas para que seu cérebro possa ser retirado! Hmmmm...



E não é só isso: há ainda cenas de autópsias, uma mão sendo cortada em close, peitos sendo abertos para a retirada de órgãos internos, todo tipo de cadáver mutilado, uma cirurgia de retirada de cérebro, pessoas sendo escalpeladas, tortura, uma cabeça decepada cheia de vermes, um canibal tendo a cabeça atravessada por um facão, e por aí vai. Um festival de violência gratuita dificilmente superado em outras produções.



ZOMBIE HOLOCAUST também tem um desagradável clima de sadismo. As cenas de mortes são filmadas em closes, com detalhes gráficos representando a tortura e dor inflingida às vítimas (nada de violência implícita, tudo é mostrado "in loco", a câmera nunca desvia do alvo!!!). Também há um momento em que o Dr. Obrero opera uma vítima amarrada à maca. Primeiro, ele lhe dá um sedativo para deixá-la "consciente". Depois, faz uma rápida intervenção cirúrgica para arrancar-lhe as cordas vocais, dizendo que não consegue operar com os gritos da "paciente"!!! A vítima ainda está viva e completamente indefesa, incapaz até de gritar, quando o médico passa a cortar seu crânio com uma serra de osso!



Desnecessário dizer que, com tanta violência, a produção foi censurada em diversos países. Nunca chegou ao Brasil e foi proibida nos cinemas ingleses, aumentando a fama do ator escocês Ian McCulloch como "o mais censurado no Reino Unido" - além de ZOMBIE HOLOCAUST, os filmes ZOMBIE e ALIEN CONTAMINATION, também estrelados por McCulloch, foram banidos por lá!






Para quem gosta de torcer pelo seu vilão preferido, ZOMBIE HOLOCAUST será um tanto decepcionante. Isso porque são os canibais que dominam a narrativa, e os mortos-vivos acabam aparecendo quase como coadjuvantes. Percebe-se que a convivência entre eles não é pacífica, pois sempre que os zumbis aparecem, os índios se mandam.





Com seu excesso de violência e nojeiras diversas, ZOMBIE HOLOCAUST/DR. BUTCHER é um perfeito retrato de uma época que não volta mais e de um cinema que dificilmente retornará algum dia: o cinema italiano dos anos 80. Tudo bem que hoje filmes violentíssimos e bastante sangrentos vêm do Japão e outros países orientais, salvando o espectador que gosta desse tipo de gênero (já que os americanos preferem suavizar tudo). Entretanto, não é a mesma coisa: os filmes de terror italianos tinham uma ingenuidade e um encanto difíceis de igualar hoje em dia - ainda mais nos tempos de sangue criado por computação gráfica e outras facilidades. Quando se vê filmes de zumbis repletos de CGI, como o péssimo RESIDENT EVIL 2, é impossível não lembrar com saudades da época de ZOMBIE HOLOCAUST e do "cinema açougue", quando podíamos ver tripas sendo arrancadas das vítimas, e não de relance, mas em close. Bons tempos que não voltam mais!


ZOMBIE VS ZOMBIE HOLOCAUST produtor Fabrizio De Angelis tinha acabado de encher os bolsos de dinheiro com ZOMBIE, de Lucio Fulci (lançado em 1979), quando teve a idéia de faturar realizando ZOMBIE HOLOCAUST. Creditado como um dos roteiristas, De Angelis deve ter pensado que "em time que está ganhando não se mexe", pois ZOMBIE HOLOCAUST é muito, mas muito parecido com ZOMBIE. Do ator principal (Ian McCulloch) à trama, as duas produções têm muito em comum, e De Angelis até colocou veículos parecidos com os usados em ZOMBIE (um barco e um jipe quase idênticos!), além de situar a história de HOLOCAUST também numa ilha tropical. Confira abaixo mais algumas suspeitas semelhanças entre as duas obras em Vermelho o filme Zombie e Roxo o filme Zombie Holocaust:


O filme começa em Nova York e depois vai para uma ilha tropical

O filme começa em Nova York e depois vai para uma ilha tropical


O ator principal é Ian McCulloch.



O ator principal é Ian McCulloch.


Ian interpreta o personagem Peter West.


Ian interpreta o personagem Peter Chandler 

Um casal acompanha os mocinhos à ilha e morre.


Um casal acompanha os mocinhos à ilha e morre.


A mulher deste casal de vítimas se chama Susan Barrett



A mulher deste casal de vítimas se chama Susan Kelly.


Na ilha tem um médico, o dr. Menard, rodeado por mortos-vivos.

Na ilha tem um médico, o dr. Obrero, rodeado por mortos-

vivos.


O dr. Menard quer descobrir porque os mortos estão ressuscitando.


O dr. Obrero quer descobrir a fórmula da vida eterna.

O ator negro Dakkar interpreta Lucas, o ajudante do médico.


O ator negro Dakkar interpreta Moloto, o ajudante do médico.



Os heróis enfrentam a fúria dos zumbis.


Os heróis enfrentam a fúria dos zumbis e dos canibais

Uma garota tem o olho furado numa lasca de madeira.



Um homem tem os olhos furados por um canibal com os dedos.


Um zumbi tem sua cabeça destruída por Peter usando uma cruz de madeira.


Um zumbi tem sua cabeça destruída por Peter usando um motor de barco.


O clímax é numa velha igreja usada como hospital.


O clímax é numa velha igreja usada como hospital.


Peter joga coquetel molotov para incendiar um zumbi.


Peter joga um lampião para incendiar um zumbi.


No final, sobram apenas Peter e a mocinha, Anne.

No final, sobram apenas Peter e a mocinha, Lori.


ZOMBIE HOLOCAUST (Zombi Holocaust, Itália, 1980). 99 minutos.
Gênero: Terror
Classificação Indicativa: 18 anos
Direção: Marino Girolami
Roteiro: Fabrizio De Angelis; Walter Patriarca; Romano Scandariato
Produção: Gianfranco Couyoumdjian; Fabrizio De Angelis; Terry Levene
Produção Executiva: Ron HarveyFotografia: Fausto Zuccoli
Edição: Alberto Moriani Música: Nico Fidenco; Walter E. Sear
Efeitos Especiais: Rosario Prestopino; Maurizio Trani
Desenho de Produção: Walter Patriarca
Elenco: Ian McCulloch (Dr. Peter Chandler); Alexandra Delli Colli (Lori Ridgway); Sherry Buchanan (Susan Kelly); Peter O'Neal (George Harper); Donald O'Brien (Dr. Obrero); Dakkar (Moloto); Walter Patriarca (Professor Strafford); Linda Fumis; Roberto Resra; Franco Ukmar; Giovanni Ukmar; Angelo Ragusa




  • NOTA: 8,5

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